A Inteligência artificial vai acabar com o trabalho

A relação entre IA e criatividade se tornou um campo de batalha para profissionais como ilustradores, fotógrafos e locutores. Desde 2022, a Inteligência Artificial não surgiu apenas para colaborar; em muitos casos, ela veio para substituir. E os números, infelizmente, são brutais.A inteligência artificial vai acabar com o trabalho criativo

A BBC News Brasil já documentou profissionais que perderam mais de 95% de sua renda. Enquanto isso, o mercado de vozes sintéticas cresce a uma taxa de 30% ao ano, segundo a Straits Research . Estamos vivendo uma fratura profunda no mercado. De um lado, vemos a aniquilação financeira de funções criativas tradicionais. Por outro lado, surge uma nova elite que, segundo a Upwork (link externo), cobra 40% a mais para domar essa mesma tecnologia.

Este não é um artigo sobre o futuro. É sobre a reestruturação violenta que está acontecendo agora no mercado de marketing e conteúdo. A pergunta, portanto, é inevitável: de que lado da fratura o seu trabalho vai ficar?

artista sem trabalho

O Impacto da IA na Ilustração: A Linha de Frente

Para entender a escala dessa transformação, vamos olhar para quem sentiu o primeiro impacto: os ilustradores.

Pense neste número, documentado pela BBC: uma profissional que faturava 7 mil reais por mês, hoje, tem uma expectativa de menos de 300 reais. Isso não é uma crise; é um colapso. Clientes admitem abertamente: “seu trabalho é ótimo, mas eu consigo 20 desenhos com uma linha de código”.

Contudo, aqui está o outro lado do abismo. A mesma plataforma Upwork mostra que freelancers que usam IA estão ganhando, em média, 40% a mais por hora. Qual o motivo? A chamada “lacuna de confiança”. Apenas 26% dos clientes confiam num trabalho 100% feito por IA. No entanto, esse número salta para 66% quando um profissional humano está no comando.

Em outras palavras, o valor não está mais na execução da tarefa. Ele migrou para a direção estratégica da ferramenta.

fotografos correndo da A.I.

IA e Criatividade na Fotografia: Uma Transformação Silenciosa

Se para os ilustradores o ataque foi direto, para os fotógrafos a estratégia foi mais silenciosa e, talvez, mais perigosa. O antigo modelo de licenciamento, baseado em royalties por foto vendida, está morrendo.

O relatório financeiro da Shutterstock (link externo) é a prova. Em 2024, o negócio tradicional de venda de fotos cresceu apenas 3%. Sabe o que cresceu 28%? A venda de pacotes de imagens para treinar outras IAs. Na prática, a Shutterstock transformou seus fotógrafos de parceiros em fornecedores de matéria-prima.

É justo dizer, contudo, que nem todas as áreas foram atingidas da mesma forma. Nichos que dependem da experiência humana, como a fotografia de eventos, ainda resistem. Ainda assim, mesmo essas fortalezas começam a sentir a pressão com os recursos de IA nos smartphones.

O Caso da Fotografia de Produtos

Em nenhuma área a substituição foi tão brutal quanto na fotografia de produtos, principalmente na de alimentos. Antes, uma sessão para um cardápio de delivery custava entre R$ 1.500 e R$ 3.000. Hoje, o dono do restaurante paga 30 dólares por mês em uma ferramenta de IA, gerando imagens perfeitas e ilimitadas. Como resultado, a demanda por fotógrafos de alimentos despencou.

Locutores: Uma Ameaça Exponencial

E para os locutores? A ameaça cresce exponencialmente. O mercado de geradores de voz por IA, segundo a Straits Research, foi avaliado em quase 5 bilhões de dólares em 2024. A projeção para 2033 é de 54 bilhões de dólares.

Esse dinheiro está sendo desviado de orçamentos que antes iam para profissionais humanos. Dessa forma, o trabalho de locução está sendo comoditizado, empurrando os humanos apenas para trabalhos de altíssimo valor artístico.

O Futuro da IA e Criatividade: Estratégia Acima da Execução

Até agora, usamos a imagem e a voz como exemplo. Além disso, nem entramos no mérito de roteiristas e da própria produção de vídeo, com ferramentas como Sora e Kling prometendo revolucionar o setor. (Veja nosso post sobre o futuro da produção de vídeo aqui – sugestão de link interno).

O que todos esses dados mostram é uma única e clara tendência: o valor está migrando da execução para a estratégia. Competir com a IA em velocidade e custo é uma batalha perdida. O futuro para qualquer profissional criativo é se posicionar como o supervisor, o diretor e o curador da IA.

As 4 Novas Competências do Mercado Criativo

As novas habilidades que o mercado realmente valoriza são:

  1. Direção de Arte e Estratégia: A capacidade de definir a visão, o conceito e os objetivos que a IA irá executar. É o “porquê” por trás do comando.
  2. Engenharia de Prompts: A habilidade técnica de “conversar” com a máquina de forma eficiente para gerar os resultados desejados, evitando desperdício de tempo e recursos.
  3. Curadoria e Edição: O olhar crítico para selecionar os melhores resultados, refinar, combinar e realizar a pós-produção para entregar um produto final de alta qualidade.
  4. Responsabilidade Ética e Legal: Garantir que o conteúdo gerado seja seguro, livre de preconceitos e legalmente sólido para uso comercial. Esta competência atua como um filtro humano indispensável.

Em suma, a era do trabalho criativo como o conhecemos acabou. A questão agora é: de que lado do abismo você vai ficar?

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